sábado, 22 de setembro de 2007

Carioca da gema

Hoje é aniversário do Luís, ele trabalha comigo, somos pares na empresa. Neste exato momento estou na dúvida se ele está fazendo 33 ou 34 anos, mas não importa a idade, o fato é que ele é mais novo que eu.

Resolvi falar dele hoje e já até avisei a ele que estória ia contar aqui.

Eu conheci o Luís em fevereiro ou março de 2003 em São Paulo. Eu estava grávida de 2 meses do meu segundo filho e ainda morava no Rio. Ele morava em Brasília e ainda não havia casado. Sentamos em lados opostos da mesa: eu, comprando, e ele, vendendo. Embora fossem umas 30 pessoas na sala, eu perguntava e ele respondia, invariavelmente alguém mais abria a boca, mas nada que acrescentasse...eu pensava "será que só esse pirralho sabe falar" e ele pensava a mesma coisa em relação a "pirralha" aqui (sei disso pq ele contou essa estoria esse ano na minha despedida de SP).

Aos poucos fomos nos conhecendo melhor. Era muito bom trabalhar com Luís até que ele não gostasse de alguma coisa, ou alguma coisa estivesse errada, ou ou ou...ele explodia. Era uma coisa de doido. Gritava com todo mundo, chamava as pessoas de incompetente (uns eram mesmo, mas é sempre complicado chamar alguem assim). Os cabelos eram a melhor forma de saber o humor da criatura: se estivessem pro alto, melhor falar outro dia.

Ele casou no Rio numa época que eu já morava em SP, mas vim pro casamento. Antes dos noivos entrarem no salão, rolou aquele filmezinho que mostra o casal desde as fraldas até os dias de hoje. Normalmente estes filmes são um xarope e todo mundo reza pra chegar ao final. Mas esse do Luís foi muito diferente. As fotos tinham muita emoção, foram muito bem escolhidas. Uma foto me chamou muita atenção, nunca esqueci: ele com uns 6 ou 7 anos (talvez menos) deitado em cima da barriga do pai dele, e os dois rindo, felizes. Quando acabou o filme eu (e toda a galera do casamento) olhou pra cima e lá estava aquele zé brigão se acabando de chorar. Na hora eu pensei...esse cara tem solução!

Ao longo desses anos conversamos muitas vezes sobre esse destempero, como melhorar, como ser uma pessoa melhor...

Hoje eu acho que deu certo esse tratamento que eu tenho certeza teve uma boa influência minha. A constatação deste fato veio numa estória que se deu semana passada comparada com outra há 1 ano atrás...

Estávamos numa reunião da nossa VP. Era uma sexta feira por volta das 9 da manha. A Idalina, nossa diretora portuguesa, estava simplesmente aos prantos. Em anos de convivência jamais vi ela chorar daquela forma. Copiosamente chorava. Tinha brigado com o marido, não sei, não dava prá entender, ela chorava, chorava...só dava pra entender que ela falava que não conseguia parar de chorar, mas isso dava prá ver, ela nem precisava dizer. Enfim, a reunião começou, e ela sentou entre eu e Luís, como de costume. Ernesto percebeu a situação mas quis dar andamento a reunião até para que ela não se sentisse pior. Eu levantei algumas vezes e dei água com açucar para ela, e o Fernando (que simplesmente não tinha uma boa relação com ela) também levantou algumas vezes para lhe dar papel para que ela enxugasse os olhos, em algum momento até levantou-se para servi-lhe chá. Lá pelas tantas acabou a reunião, ela foi pra sala dela, e os demais foram almoçar. Obviamente comentamos isso no almoço e qual não foi a surpresa de todos quando Luís disse que sequer havia notado que ela estava chorando, quanto mais todo esse movimento de senta-levanta dentro da sala. Aquilo foi um espanto até para o próprio Luís! Ela estava do lado dele, braço com braço, ela passou quase 2 horas fazendo snif snif e ele não percebeu!

One year later...

O mundo corporativo não é um mundo fácil. Não é previsível. É intenso. É um cabo de guerra, ás vezes vc puxa mais e as vezes é puxado. Em algum dia na semana passada eu estava mais sendo puxada do que puxando. Luís entrou no MSN pra me perguntar alguma coisa qualquer, eu respondi mal. Ele percebeu. Perguntou o que houve. Eu estourei o campo do MSN escrevendo tudo o que houve (acreditem não foi pouca coisa). Ele não respondeu no MSN, pegou o telefone e me ligou e segue o nosso diálogo:
- que houve? - ele perguntou
- eu não quero falar...se eu começar a falar eu vou choraaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrr...buáaaaaaaaaaaaaaaa..... - eu disse

Nesse momento ficamos ali naqueles 15-20 segundos que a pessoa começa a chorar mesmo e a outra não sabe o que diz. Mas isso só durou esse tempo aí.

- VOCÊ QUER PARAR COM ISSO??? DEIXA DE SER RIDÍCULA, VAI FICAR CHORANDO, LEVANTA CABEÇA (aqui só faltou o "minha filha"), AS COISAS SÃO ASSIM MESMO, PARA COM ISSO...

E assim ele seguiu falando até que eu me acalmei diante de tamanho esporro. Mas foi bom, uma chacoalhada na hora certa.

Gente, vai dizer que ele não melhorou?

Bom essa mensagem era pra ter seguido no dia 22, mas esse dia não foi um dia bom para postar e há muito o Luís merecia um bom escrito meu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Patricia

6:20 hs da manha de terça em congonhas esperando o voo para o Rio quando decido acessar seu blog para conferir (confesso que descrente) o que vc tinha dito na sexta.

Quem estiver lendo saiba que tudo isto é verdade (desde a pirralha até o esporro da semana passada ) e que a bloggeira em questao (com base de muita mas muita conversa) ajudou na tranformacao.

Sempre estarei por aqui espiando as novidades

Bjs