segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Tiradentes

Esqueci de comentar que no feriado fomos eu e o eleito para Tiradentes, Minas Gerais. Sempre tive vontade de conhecer, vários amigos vão sempre, falam das ladeiras imensas, dos bares, das cidadezinhas próximas...muito, muito artesanato, muitos atelies, quadros, móveis de madeira de demolição e obviamente, muita bebida, principalmente cachaça, afinal estamos em Minas.

E a cidade é isso mesmo. Tem a pracinha principal e de lá saem duas grandes ladeiras laterais. Seguindo a da esquerda toda vida, a gente chega na igreja de São Francisco, de lá a gente vê a cidade toda. Descendo a gente passa pelo busto de Tiradentes e vai dar na fonte (que no momento está seca). Depois é só ficar rodando, entrando em todos os atelies, lojinhas. O por-do-sol pode ser visto da outra capelinha no alto do morro. Tem um velhinho que toca aqueles aparelhos velhos enquanto o sol tá se pondo, o momento lembra brevemente o por do sol em Fernando de Noronha do bar em cima da Cacimba do padre, tocando bolero de ravel. (Atenção: eu disse que lembra brevemente...). O auge é o passeio na Maria Fumaça, uma delícia, vai até São Joao Del Rey e depois retorna. A noite vai chegando e alguns atelies vão se transformando em restaurantes, cada um a seu estilo, super aconchegantes.

Como muitos sabem, o eleito é de Brasília, candango mesmo. E como todos sabem se tem uma coisa que esse povo de Brasília gosta de fazer é beber. Muitas vezes quando o eleito vai pra Brasília, ele acaba não ficando lá e vai pra fazenda da família que é no norte de Minas Gerais, onde ele se criou. E como todos também sabem, se tem uma coisa que esse povo de Minas gosta de fazer é beber. Em resumo: o eleito gosta de beber e bebe bem. Até gostaria de dizer aqui que nunca o vi bêbado, mas ele sabe que não é verdade (essa é uma outra estória que um dia conto).

E eu? Bom eu até gosto de beber, mas não sei beber bem. A minha resistência é falha, ás vezes ela funciona bem, as vezes não. Não tenho muito controle sobre isso, aliás não tenho controle algum. E não ia ser em Tiradentes que eu ia ter algum controle.

Depois de andar muito o dia inteiro, sol na lata, comer bem, tomar muita cerveja, veio a pérola do eleito: Vamos tomar cachaça!! Na hora eu pensei: ele só pode tá de palhaçada com a minha cara. Mas não estava. Começou um tal de como faz a cachaça, que tem muita cachaça boa, que não queima... Eu até achei que ele tinha esquecido por que começamos a andar em direção a pousada e praticamente já não tinham bares aberto para aquele lado...exceto por um DO LADO da pousada!! A porta do bar era como uma porteira de estábulo, a parte de cima estava aberta e tinha um sino (um sino igual ao que quero colocar no hall lá de casa). Tocamos o sino e eu fiquei ali pensando: o dono já deve ter tomado todas as cachaças hoje e deve tá morgado no sofá, não vai escutar esse sino nunca...ledo engano. Apareceu um cara meio gordinho, cabelos ruivos, barbado. Abriu a porta de baixo e entramos. Gente, sem brincadeira, eu nunca vi tanta cachaça junta. Era muita, muita variedade, parecia uma loja, não um bar. O cara era gente boa e disse que não gostava de beber, por isso trabalhava com cachaça, se ele gostasse já estaria morto de cirrose. O eleito ficou ali, olhos brilhando, pega uma, pega outra...até que pegou um copinho e botou até a boca de cachaça (Não me lembro o nome desta primeira, a segunda foi uma tal de roxinha). "Agora vira" ele falou olhando pra mim, e eu ali com aquela platéia do dono do bar. Eu pensei "vai ser facinho". Virei. Vai ser mais fácil se deixar pra engolir tudo no final. Mas não deu. Tive que engolir o que estava na minha boca. Depois desse primeiro gole, juro que tentei dar o segundo e acabar logo com aquele copo, mas foi em vão. Percebi que aquele segundo gole não ia descer, ele ia voltar. Em segundos olhei pro eleito e fiz um gesto de que ia botar pra fora. Olhei em mais alguns segundos pro dono do bar, tão simpático e solícito, pensei que seria muita sacanagem cuspir no chão todo limpinho do bar...não tive alternativa, saí correndo porta afora e cuspi toda aquela cachaça na rua. Quando entrei no bar de novo estavam os dois se acabando de rir. Ainda faltava um gole do copo que eu tava bebendo. Virei. Dessa vez foi tranquilo. Veio mais um copo, virei. Tranquilo. Depois deste segundo, poderia beber mais e mais, por que não se sente mais nada, é praticamente uma anestesia geral.

Ainda bem que a pousada era do lado, não tivemos que andar muito, na verdade, não me lembro dessa parte, a última coisa que lembro é que fiquei fazendo carinho no cavalo de madeira na entrada da pousada.

Tiradentes é uma delícia e espero voltar lá muitas e muitas vezes, com e sem cachaça!

Um comentário:

caju disse...

Estou procurando dicas de pousadas boas e baratas, em Tiradentes. Você poderia me indicar alguma?
Obrigada!