quarta-feira, 12 de março de 2008

A caneca de ágata

Há umas duas semanas atrás tivemos uma reunião na escola dos meninos com a nova professora. O objetivo é sempre falar sobre os projetos pedagógicos do ano e tirar dúvidas daqueles pais super ansiosos.
A professora foi explicando o que era necessário ter em cada mochila e quais itens do material deste ano ficariam na escola. Um dos itens que eles sempre pedem é uma caneca para ficar lá para o aluno beber água, assim contribui para um projeto ecologicamente correto que é evitar os copinhos de plástico que levam anos para dissolução no meio ambiente. Isso eles já tinham solicitado no ano passado e sugeriram na ocasião que fossem enviadas canecas de ágata, as mais ecologicamente corretas! Esse ano isso não foi reforçado, ou seja, o que pediram foi uma caneca, mas não sugeriram a ágata.
Eis que uma mãe comentou que entendia que deveria haver um padrão pois algumas crianças trazem canecas da Disney, enquanto outras trazem um copo simples, e isso gerava um conflito para esta, frustração etc...A professora foi muito firme em colocar que não haveria um padrão, cada um vai trazer o que quiser, e se por acaso, alguma criança quiser um copo que não tem, cabe tanto a ela, professora, quanto aos pais, esclarecer por que ela não tem. Ela falou ainda que a frustração tem que ser percebida e vivida pela criança desde cedo, ela vai aprender muito melhor a lidar e superar isso, do que se começar a sentir isso como adulto. Eu achei isso o máximo, até por que sempre pensei dessa forma.
Aí veio o pior. Veio uma mãe que disse que não só concordava com essa mãe, como entendia que as canecas deveriam ser de ágata, por que no ano anterior isso foi um projeto da escola e tinha que ter seguimento. A professora interviu de novo e falou que as canecas de ágata, embora fossem ecologicamente corretas, eram higienicamente incorretas, já que as crianças acabavam deixando cair no chão e enferrujava. A mãe não concordou. Não aceitou, tipo cabeça dura mesmo.
De repente, uma mãe de mais idade (mais velha que eu), cujo filho tinha acabado de entrar na escola, levantou a mão e disse que se a escola era construtivista, então partia do princípio básico que se aprende com o conhecimento para construir, e se houve um projeto que posteriormente se viu que, embora fosse ótimo para futuro, não era legal pro presente, então entendia que era o caso de abortar mesmo. Ficou ainda mais satisfeita da própria escola sinalizar isso, ao contrário de muitas que conhecia que não "voltariam atrás".
Nesse momento a turma de mães se dividiu nas que apoiavam a caneca de ágata - o retorno, e as que apoiavam o movimento livre-caneca. Ficamos ali esperando a posição da professora e eu particularmente já estava me sentindo de novo na escola, só faltava gritar "Ihhhh moralllll".
A professora fez uma enquete e venceu a livre-caneca.

Nenhum comentário: