By David Bowie
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Don't wanna be a richer man
Ch-ch-ch-ch-Changes
(Turn and face the strange)
Ch-ch-Changes
Just gonna have to be a different man
Time may change me
But I can't trace time
Lá pelos idos de setembro (fica bonito começar o texto assim né gente?!), eu estava completamente fora de combate em função do meu personal extreme makeover. Não tinha muita coisa que eu pudesse fazer, os dias passavam na frente da TV, filmes, novelas, seriados. Fazia até algumas áudios e respondia email. Mas tinha uma hora que já não tinha o que fazer. Num desses dias peguei o laptop e comecei a escrever um texto falando sobre mudanças. Primeiro, as minhas físicas, ou melhor, as psicofísicas. Sim por que prá mudar fisicamente, eu tive que mudar um bocado a minha psique. Depois, as profissionais. E quantas, quantas mudanças profissionais esse ano de 2009. Durante algum tempo fiquei com esse texto escrito, sem publicar, algo me dizia que não era o momento. E de fato, tantas outras mudanças aconteceram até o “finalzinho Zinho” do ano. Agora, que começa um novo ano, e tomara que novo mesmo em sua essência, achei que seria um bom momento para fazê-lo. A versão original acabou se perdendo em função da evolução da história: tive que inserir os novos acontecimentos, adaptar dúvidas do momento em que escrevi, e que agora já não as tenho mais. Enfim, se você leu até aqui, chegou ao topo da montanha russa, quando o carrinho já foi elevado ao ponto máximo. Siga em frente e viva as emoções com direito a frio na barriga e tudo mais.
Em algum momento desse blog, eu citei aqui que Ernesto, meu chefe amado, nos comunicou a sua saída do Brasil e, conseqüentemente, da empresa. Isso aconteceu num jantar no tão falado DOM em São Paulo, no final de 2008. Esse anúncio foi sucedido de muitas lágrimas dele próprio, agradecendo a equipe que sempre lhe apoiou. Naquele momento tão cheio de emoções, ficou escondida em pano de fundo a maior de todas as mudanças que estava por vir, afinal, se Ernesto estava saindo, alguém estaria entrando. Durante algum tempo, não se sabe (ou pelo menos eu não me lembro) ao certo, ficou indicado uma pessoa já conhecida, que aparentemente não preenchia todas as qualificações. E haja qualificação! Pra esse cargo, a pessoa tem que agradar aos gregos, aos troianos (todo mundo entendeu né?), aos internos e se bobear, não pode ser desagrado de nenhum externo. Em resumo: essa pessoa praticamente não existe. Em meio há esse tempo, surgiu a possibilidade de promoção de algum dos diretores de Ernesto a este cargo. O que, verdade seja dita, foi sempre a luta dele: eleger alguém da equipe dele prá ocupar sua cadeira quando ele fosse embora. Duas pessoas despontaram com toda a justiça desse mundo empresarial: Luís e Cris. Os dois passaram a ser sombra do chefe, aonde um ia, os dois iam atrás, essa foi a orientação que ambos receberam para que, mesmo que não fosse um deles o escolhido, o processo de transição fosse o mais suave possível. Mas a grande verdade é a seguinte: nenhum dos dois, nem nós (os restos mortais da equipe), nem Deus penso, acreditávamos que um dos dois pudesse ser o escolhido. Nada relacionado à competência, mas relacionado ao ambiente político das corporações e a tantos outros interesses que muitas vezes são mesmo mais importantes do que o tamanho da competência (essa frase acho que ficou meio obscena...). Outros nomes apareceram no cardápio de sucessão, outros nomes saíram. Os meses passavam e chegava a hora de Ernesto partir. Lembro que um dia no final de julho, eu tava de férias, tive que ir a SP, passei na sala dele e tinha umas 3 folhas brancas grudadas com um durex formando um folhão. Ele fazia um grande calendário por dia, de julho a setembro. Nesse dia ele me disse: em agosto já não venho mais. E eu lembro que perguntei: se você não vem, quem vem? E perguntei se era a pessoa última que havia ouvido e que, segundo Darling, tava certo, certo, certo. Ele me olhou com aquele canto de boca puxado pro lado e disse: eu não sei de nada Darling, não sei quem vem. Mas ele já sabia. Dois dias depois estava em casa curtindo uma chuvinha no final de férias e recebo o torpedo literalmente detonador no meu celular. Era de Darling, e ela dizia que acabara de ser indicada para assumir a posição do chefe. Esse momento não esqueço nunca mais na vida. Ao mesmo tempo em que senti uma grande alegria pela sucessão dela, senti que um grande ciclo chegava ao fim. Senti alívio de não ter um novo chefe desconhecido, daqueles bem “despirocados”, sorry mas não há palavra melhor para esta definição, e eu já tive um ou dois assim, é complicado. Senti orgulho dela. Senti medo da nossa amizade. Senti uma grande alegria em pensar na alegria de Biba (marido dela). Senti que a grande mudança acabava de ser anunciada e com ela tantas outras viriam. E então senti que um grande buraco estava se formando, e tinha nome: era Luís.
Um pouco mais a noite Ernesto ligou para anunciar formalmente, o que ele já sabia que eu sabia, e eu já sabia que ele sabia que eu sabia, resumindo prá ninguém ficar tonto, protocolos são importantes e devem ser cumpridos. Depois de falarmos o quanto estávamos felizes, fiz uma única pergunta: Luís já sabe? Ao que a resposta foi um seco sim, seguido de um conselho, se você é amiga dele, liga amanhã. Obedeci prontamente. No dia seguinte falei com ele, e o que ele fez foi simplesmente me confirmar o que já havia dito antes: ele ia embora.
Aqui nesse ponto me deu uma sensação lendo a primeira versão do texto, que eu estava mais preocupada com Luís do que com Cris. Aí eu tive que reescrever. A idéia não é criar um protagonista e um antagonista, isso não é uma peça de teatro (se bem que não nos faltam textos e personagens rsrs). A verdade é que se Luís fosse o indicado, Cris não iria embora de forma alguma. Mas o contrário, como o que aconteceu de fato, não seria recíproco por conhecer bem a cabeça dessa figura e toda a sua ambição de carreira. Nesse momento é que eu percebo como tenho muito do mundo de Alice na minha vida, querendo que as relações profissionais perdurem e sejam felizes para sempre. Afinal por que Ernesto tinha que ir embora se seu trabalho foi tão importante prá empresa? Por que não podia ficar tudo como estava e...não, não podia, seria uma vida muito sem graça de viver! Como me sinto bem em ver meu chefe tão feliz em voltar como presidente da empresa em seu país, em estar perto da família, com os filhos, com os pais, os amigos. Como ele trabalhou prá merecer isso. E minha querida amiga, como ela está indo bem até mesmo em temas que nós duas tínhamos dúvidas. Tá segura, ta brigona (isso ela sempre foi né). Ela mudou. Subiu pro sexto andar, é quase o Olimpo. Mas na sala dela a nossa foto juntas faz parte da decoração. E como ela me escreveu no final do ano, o que importa em qualquer relação de amizade, de par e de chefe, é a confiança. Diretores novos? Foram 3, os quais carinhosamente chamamos de diretores pica-pau. Eu, Raimar e Eber ficamos á beira dessas mudanças, fazendo a nossa parte, que faz parte do todo. Luís passou por alguns dias nublados. Todos os reconhecimentos foram feitos: o primeiro, lá em SP, por Cris e por Bob, talvez apenas alguns entendam como isso foi importante. O segundo, aqui no Rio, com toda a equipe de cobrança e arrecadação, também muito importante. Não consegui segurar a emoção em nenhuma das duas vezes, foi inevitável o sentimento da perda. Outra cena que não vai sair da minha vida, vai ser a hora em que ele entrou no elevador pra ir embora: eu, JM, Flavia, Wagner e Bas disputando o espaço pra dar um ultimo tchauzinho, o que sinceramente pensando agora, é patético por que ele não morreu, foi atrás dos objetivos da vida dele. Que bom que ele tem e que ele sabe aonde quer chegar, tanta gente que só sabe que quer ir, mas não sabe nem prá onde...Luís ta ótimo, já conseguiu o que queria, ta feliz. Aprendeu, cresceu.
E eu que pensei que o carrinho da montanha russa tinha chegado ao destino final, me surpreendi no início de novembro com o anúncio da saída de Sirufo. No momento que eu soube, pensei: caramba, com quem eu vou brigar agora nessa empresa, sem Luís, sem Sirufo? Hoje precisamente já sei, mas não vou escrever aqui obviamente. Foram algumas despedidas, uma delas, a primeira, durante a convenção de vendas em Angra. Tenho vontade de usar um botton escrito “eu fui à despedida do Sirufo em Angra”, foi bastante emocionante, quem viu, viu, quem não viu, não vê mais e nem imagina. Só não superou o depoimento da filha dele na despedida oficial do Rio, até o mais frio dos homens se comoveu.
O carrinho parou. Eu saltei. Olhei prá trás e nele estava escrito 2009. Andei sentindo o chão ir e vir. Olho pra frente e uma nova história tem que ser escrita. Me dá um frio na barriga e num relance olho prá trás de novo e me lembro do poeta que disse que no fim tudo acaba bem.
Que venha 2010!
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
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